quinta-feira, junho 29, 2006

"Pro Meditari"


"Ninguém pode receber a Luz a não ser que tenha esperança na Luz e aspire a ela. Se está contente com a expectação das Trevas, que as trevas estejam com ele já que está contente com elas. Trevas é o que tem e nada pode esperar, se está contente com o que tem"

Fernando Pessoa

Poeta de dor
Em espada
Trespassado,
Desfecho
De morte
Na eterna
Desventura
Dum Povo
Atlante.

Francisco Canelas de Melo
Chorai
Cordas,
Profundas
De dor,

Chorai Povo,
Que hora
Adversa
Clama
Em chegar
À Mátria
Lusitânia.

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, junho 27, 2006

Um rio,
Sangue
E ardor
De ver partir
Naus de dor,
Saudade,
Melancolia por
Sentir.

Parte caravela,
Parte ó sonho,
Esperado,
Sonnhado,
Criado,
Por nós,
Por vós...

Ó cidadãos do mundo,
Esperado cumprir,
Sonhos,
Em amarras de couro
De simples
Sapateiro,
Natural de
Trancoso.

Francisco Canelas de Melo

Dia de São João

Dia de Santo
Baptismo de Água,
Baptismo de Fogo,
Na fogueira
Ardente;
Alcachofra renascida,
Re-florida, de cinzas
Passada para Vida,
Em lume de
Madeira encarpecida
Em Noite d´orvalho.

Francisco Canelas de Melo
Nocturna claridade
Envolta
Em nebuloso céu
Que embarca minha
Viagem,
Clareando a consciência
Dum esforço
De escrita
Frutos, desvaneios
De pobre poeta.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, junho 23, 2006

"Quando os governantes abusam do seu poder; quando os pais se habituam a deixar os filhos sem disciplina; quando os filhos não prestam atenção às suas palavras; quando os mestres tremem diante de seus alunos e preferem bajulá-los; quando, finalmente, os jovens desprezam as leis e a moral porque não reconhecem acima deles a autoridade de nenhuma coisa ou pessoa, então surge ali em toda a beleza e em toda a juventude, o nascimento da tirania"

Platão


Ao encontrar estas sábias palavras de sábio quase-profeta na antiga publicação mensal, a Lusophia nº37 -Dezembro 2002 ( que deixou-nos bastante saudade; encontra-se publicado em na editora www.zefiro.pt) pensei partilha-las connvosco.
Penso que não haverá pensamento de maior actualidade que este grandioso filósofo concebeu. Em todos os seus pontos encontramos sábias palavras adequadas a quase todas as épocas. Contudo, eleva-me uma preocupação extrema com algo que ainda não teria surgido, a falta de reconhecimento de Autoridade. Ora, a suma deste excerto, talvez seja um legado "aviso" aos tempos vindouros escrito por respeitado mestre para todas as Eras ocidentais. Não faria sentido falar de autoridade, ou melhor, falta de respeitar a Autoridade, na Antiguidade Clássica. Todos conhecemos o desenrolar importante do papel paternalista, inicialmente da Familia, mais tarde do mestre, na formação de um indivíduo. Esta formação mesmo na chamada idade das trevas, constitui sempre, além de uma forte formação espiritual baseada nos princípios da Ordem de Cavalaria, uma formação cultural, baseada na formação dos cidadãos romanos, que por sua vez, copiaram de seus arqui-rivais gregos.
Toda esta perpertuação inter-secular só foi conseguida através do respeito pela doutrina do conhecimento, adquirida voluntariamente por consciência da Autoridade que lhe deveriam prestar. Por sua vez, saberiam que a mesma seria garantida no seu viver, recompondo o ciclo, iniciado na sua educação, preparando de igual forma a sua sucessão, educando, formando segundo os mesmos principios, já enriquecidos por uma experimentação diária.
Poderão pensar que se trata de uma visão antiquada, passada de moda, mas de facto foi perpetuada até há bastante pouco tempo. Tal como dizia Agostinho da Silva, "o homem não foi feito para trabalhar, mas para criar", deveremos ter a liberdade de escolher o que gostamos e fazer. É obvio que a educação primordial baseava-se em vários pârametros desactualizados, contudo, permitia uma maior abertura à concretização do pensamente Agostiniano. A verdadeira Autoridade deverá ser connosco, dentro de nós, obedecendo a nossa vontade, renegando a vontade alheia, concretizando nossos objectivos pessoais, nossos sonhos. Citando novamente Agostinho da Silva, "não deveremos fazer ou ter, deveremos SER", ou seja, sermos nós próprios, produto exclusivo dentro da comunidade universal.
Em jeito de ligeira conclusão, poderia afirmar que a Autoridade trata-se dum conceito mutualista, autoridades com os outros, autoridade connosco, é de facto a maneira mais sensata e correcta de combater as últimas palavras aqui citadas de Platão.

sexta-feira, junho 16, 2006

uma viagem...

Caros Amigos,

Não fazendo apenas deste blog um espaço de poesia, ou tentativa de a fazer, mas tendo por princípio um espaço de partilha pessoal connvosco, decidir partilhar os seguintes pensamentos.

Ontem, dia 15 de junho, feriado nacional, resolvi eu, juntamente com a "outra parte de mim", fazer um roteiro especial visitando um dos locais da conhecida "rota do Graal".
Dirão alguns de vós, passeio "domingueiro", passeio vulgar, mas para mim foi uma oportunidade no escasso tempo que as minhas obrigações escolares me permitem. De facto uma data menos boa, mas não deixa de ser uma data igual as outras, merecendo a mesma atenção, o mesmo respeito.
Chego a Tomar, Terra de Cavaleiros, Templários e seus legítimos herdeiros...Pego no livro do meu ilustre Amigo J. Medeiros, e preparo-me para iniciar um percurso por locais históricos repletos de misticismo. Vou direito a Igreja de Santa Maria do Olival, Panteão da Ordem dos Templários e dos primeiros 6 mestre da Ordem de Cristo. A ultima igreja que possuiu uma imagem do perturbante "baphomet" retirada na decada de 90, bem como, construida sobre a imagem de um pentagrama que se ergue num lindissimo vitral por detrás do altar. Leio um pequeno excerto do livro e início esta viagem pelo passado...Ou tento faze-lo!!! Assim que entro encontro um grupo de pessoa numa quase obstrução da entrada...uns agarrados a um mapa, outros numa acesa conversa de café...Escusado será dizer que se trata de uma Igreja!

Enfim restou-me continuar...Dirigi-me ao centro de Tomar, para visitar a famosa Igreja de S. João Baptista. Este Templo possui um simbolismo bastante forte, discreto a maioria, de muitas interpretações. Curiosamente o único torreão que possui, tem forma octagonal, idêntica as igrejas primitivas, reproduções do Templo do Santo Sepulcro. Debaixo desta torre encontra-se a Pia Basptismal e uma excelente pintura de S. João Baptista, Jesus Cristo e S. João Evangelista. Aqui encontrei o sossego. Praticamente deserta, permitei cumprir a vontade desta viagem...Relembrei os excelente quadros de Gregório Lopes, esclareci a minha companhia do seu significado, deixando a sua mêrce a interpretação do seu simbolismo.

Por fim, o ponto supostamente alto: Castelo dos Templários/Convento de Cristo. Sentido uma imensa responsabilidade de ser um "guia" histórico nesta viagem, lá vou soltando pequenas frases, do humilde conhecimento que tenho sobre tão magistoso edificio. Mas desiludi-me...e desiludi! Não poderia ter escolhido pior dia...pior data que um feriado...Entrei na Charola e deparei-me com uma funcionária aos gritos a proibir a multidão de turistas de tirarem fotos. Encontrei um tipo a ler um folhete em cima do altar da charola...miudos a correr, outros a gritar violando a sonoridade do silêncio merecido ( e que se deveria exigir) deste local. Será que serão assim tão ignorantes e não saibam que estão numa Igreja?! Será que não se apercebem que estão a violar o Templo?! É verdade que são pedras...mas pedras carregadas de histórias para contar, que merecem respeito por quem as quer ouvir falar...
Deveremos ser Peregrinos e não turistas....até o mais laico dos laicos deverá ser peregrino mesmo na busca do vazio.

Curiosamente acabo a viagem em fronte das águas do Tejo. Na sua margem esquerda, observando o não menos interessante Castelo do Almourol...Ai à distância da margem do rio, senti o conjunto de sensações que só esperaria sentir em Thomar...Foi um despertar tardio...mas foi um despertar...

segunda-feira, junho 12, 2006

Nocturno céu
De existir
No pano negro
Rasgado,
Penetrado,
De raios, ou
Strellas
Desenhando,
Por pontos,
Em pontos,
O mapa
Traçado
De uma Pátria
Longuínqua!

Francisco Canelas de Melo
Esta auréola
Que te envolve,
Luz na
Negra escuridão,
Em reflexo
Solar
Dum espelhado
Mar...
De tranquilidade nocturna.

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, junho 06, 2006

Após noite
Quase perdida
Sonhada em
Ser...
Criado por
Ser...
Querer...
Sonhar contigo,
Sonho passado
Num futuro
Longuínquo
E desejado...
Por desejar
Ter-te
A meu lado
Na Vida,
Sem vida,
De imortal existência,
Confinada,
Aos conscientes
Da eternidade
Esperada.

Francisco Canelas de Melo

segunda-feira, junho 05, 2006

Adopção inconsciente
Em creança,
De verdes cores
Em Primavera
Duma Serra
Sem serra(s).

Mata Sagrada,
Sentida por todos,
Mátria guardada
No coração
de Todos.

Francisco Canelas de Melo

Festas do Divino Espírito Santo
Dia de Pentecostes,
Luso
Relíquia sagrada,
Escondida do mundo,
Guardada do tempo
Infinito de Ser.

Lâmina de Razão,
Gume de Honra,
Na bainha da Paz
Sob capa traçada
De Imaculada brancura
Dum cavaleiro Puro
de coração Esperançoso,
Caridoso,
Em Humilde
Corpo Mantido...

Francisco Canelas de Melo