"Quando os governantes abusam do seu poder; quando os pais se habituam a deixar os filhos sem disciplina; quando os filhos não prestam atenção às suas palavras; quando os mestres tremem diante de seus alunos e preferem bajulá-los; quando, finalmente, os jovens desprezam as leis e a moral porque não reconhecem acima deles a autoridade de nenhuma coisa ou pessoa, então surge ali em toda a beleza e em toda a juventude, o nascimento da tirania"
Platão
Ao encontrar estas sábias palavras de sábio quase-profeta na antiga publicação mensal, a Lusophia nº37 -Dezembro 2002 ( que deixou-nos bastante saudade; encontra-se publicado em na editora www.zefiro.pt) pensei partilha-las connvosco.
Penso que não haverá pensamento de maior actualidade que este grandioso filósofo concebeu. Em todos os seus pontos encontramos sábias palavras adequadas a quase todas as épocas. Contudo, eleva-me uma preocupação extrema com algo que ainda não teria surgido, a falta de reconhecimento de Autoridade. Ora, a suma deste excerto, talvez seja um legado "aviso" aos tempos vindouros escrito por respeitado mestre para todas as Eras ocidentais. Não faria sentido falar de autoridade, ou melhor, falta de respeitar a Autoridade, na Antiguidade Clássica. Todos conhecemos o desenrolar importante do papel paternalista, inicialmente da Familia, mais tarde do mestre, na formação de um indivíduo. Esta formação mesmo na chamada idade das trevas, constitui sempre, além de uma forte formação espiritual baseada nos princípios da Ordem de Cavalaria, uma formação cultural, baseada na formação dos cidadãos romanos, que por sua vez, copiaram de seus arqui-rivais gregos.
Toda esta perpertuação inter-secular só foi conseguida através do respeito pela doutrina do conhecimento, adquirida voluntariamente por consciência da Autoridade que lhe deveriam prestar. Por sua vez, saberiam que a mesma seria garantida no seu viver, recompondo o ciclo, iniciado na sua educação, preparando de igual forma a sua sucessão, educando, formando segundo os mesmos principios, já enriquecidos por uma experimentação diária.
Poderão pensar que se trata de uma visão antiquada, passada de moda, mas de facto foi perpetuada até há bastante pouco tempo. Tal como dizia Agostinho da Silva, "o homem não foi feito para trabalhar, mas para criar", deveremos ter a liberdade de escolher o que gostamos e fazer. É obvio que a educação primordial baseava-se em vários pârametros desactualizados, contudo, permitia uma maior abertura à concretização do pensamente Agostiniano. A verdadeira Autoridade deverá ser connosco, dentro de nós, obedecendo a nossa vontade, renegando a vontade alheia, concretizando nossos objectivos pessoais, nossos sonhos. Citando novamente Agostinho da Silva, "não deveremos fazer ou ter, deveremos SER", ou seja, sermos nós próprios, produto exclusivo dentro da comunidade universal.
Em jeito de ligeira conclusão, poderia afirmar que a Autoridade trata-se dum conceito mutualista, autoridades com os outros, autoridade connosco, é de facto a maneira mais sensata e correcta de combater as últimas palavras aqui citadas de Platão.
sexta-feira, junho 23, 2006
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1 comentário:
... e só a instituição real, pela sucessão dinastica, pode assegurar a perpetuação da autoridade. o sonho será, talvez segundo Agostinho, que a obediencia a essa autoridade seja um dia de tal forma enraizada que já não proceda do medo mas da própria vontade de perscindir da sua liberdade, para tranforma-la em obediencia: cumpre-se pois assim a liberdade plena.
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