sábado, junho 09, 2007

AO REI DOS POETAS PORTUGUESES

HOMENAGEM

És Rei - a coroa fúlgida

Conquistaste-a na peleja

Da matéria com o espírito:

Venceu este – Quem deseja

Que domine a sombra a Luz?

Bem hajas, que em teus esforços

De dar vista aos cegos d'alma,

Tens levado a crença aos peitos,

Revelado o que é a cruz. …

Pois não tem o lenho erguido

Sobre a eminência do Golgotha

N'um epitaphio uma lei? . . .

Quem a cumpre? – Esse preceito

Que condemna o obscurantismo,

Segue-o acaso alguma grei?

E se alguma o segue, entende-o? . . .

Não entende, não, a fundo;

Que inda a sombra cobre a terra,

Que inda é pouca a luz no mundo.

És rei, és rei cujo nome

Se antevê na eternidade;

Astro na noite dos tempos

Através da longa idade.

No lavor, lavor sagrado,

Aos irmãos dando thesouros,

Fabricaste o próprio sceptro,

Ès rei nos carmes, no plectro,

Que alteias, que divinizas!

Vate egrégio, homem portento;

És monarcha na poesia,

És um deus no pensamento.



António Feliciano de Castilho

1 comentário:

Anónimo disse...

a peleja da matéria com o espirito.. muito bem.