HOMENAGEM
És Rei - a coroa fúlgida
Conquistaste-a na peleja
Da matéria com o espírito:
Venceu este – Quem deseja
Que domine a sombra a Luz?
Bem hajas, que em teus esforços
De dar vista aos cegos d'alma,
Tens levado a crença aos peitos,
Revelado o que é a cruz. …
Pois não tem o lenho erguido
Sobre a eminência do Golgotha
N'um epitaphio uma lei? . . .
Quem a cumpre? – Esse preceito
Que condemna o obscurantismo,
Segue-o acaso alguma grei?
E se alguma o segue, entende-o? . . .
Não entende, não, a fundo;
Que inda a sombra cobre a terra,
Que inda é pouca a luz no mundo.
És rei, és rei cujo nome
Se antevê na eternidade;
Astro na noite dos tempos
Através da longa idade.
No lavor, lavor sagrado,
Aos irmãos dando thesouros,
Fabricaste o próprio sceptro,
Ès rei nos carmes, no plectro,
Que alteias, que divinizas!
Vate egrégio, homem portento;
És monarcha na poesia,
És um deus no pensamento.
António Feliciano de Castilho
1 comentário:
a peleja da matéria com o espirito.. muito bem.
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