terça-feira, março 04, 2008

Nigredo



Ergue-te,
poeta perdido,

Ergue-te,
da profunda
cova escura
onde habitas,
plantado,
onde te enterraste
a ti mesmo,
num momento
de poético suicídio,

Ergue-te,
profundo Poeta,
Ergue-te,

Ergue a tua mão,
Ergue,
Ergue acima de tudo
a tua Sabedoria,

Porque o abismo negro
das trevas
onde tu, poeta,
estiveste mergulhado

foi o maior ensinamento
que tu, Ser de Lux
poderias ter

Na maior treva
resplandece a menor
partícula de Lux

Aí, tu
nas trevas embebido,

oh poeta maldito,
viste a escuridão,
ouviste o silêncio,
sentiste a profunda imensidão,

transmitida
pelo cintilar
da Chama Eterna.


Francisco Canelas de Melo

Sem comentários: