domingo, maio 17, 2009

Saudade - D. Francisco Manuel de Melo



Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?

Verei os olhos, donde o sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?

Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes,
Por quem trocará as pérolas que chora?

Mas que espero de ver dias contentes,
Se para pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil idades diferentes?


Dom Francisco Manuel de Melo

2 comentários:

Anónimo disse...

Está parecido com o actual (ou não) eheh Abraço primo.A.

Francisco Canelas de Melo disse...

Quem é o actual? Não conheço...O Gajo só deixou bastardos lol