terça-feira, junho 19, 2007
que habita em ti,
pobre pessoa,
então nobre Alma.
Em clarear dia,
de emersa noite dormida,
em eira de terra
chovida,
de lágrimas salgadas,
revela-te Alma
tão adormecida.
Francisco Canelas de Melo
Santo Bosque
de silêncio
profundo,
escutando de ti
o mais sensível
respirar
de uma vida em ti.
As memórias
não as perdi,
envoltas em sombra,
em vida submersa,
Tão próximas,
tão vivas,
Esperando por mim,
vivendo em mim,
na esperança divina
de ressuscitar em mim.
Francisco Canelas de Melo
cuja fauna encerra
em plena Saudade
eterna
destes campos
de verde sonho,
desta vil esperança,
Tão tortuosa,
tão profunda
e infinita....
Francisco Canelas de Melo
sábado, junho 09, 2007
AO REI DOS POETAS PORTUGUESES
HOMENAGEM
És Rei - a coroa fúlgida
Conquistaste-a na peleja
Da matéria com o espírito:
Venceu este – Quem deseja
Que domine a sombra a Luz?
Bem hajas, que em teus esforços
De dar vista aos cegos d'alma,
Tens levado a crença aos peitos,
Revelado o que é a cruz. …
Pois não tem o lenho erguido
Sobre a eminência do Golgotha
N'um epitaphio uma lei? . . .
Quem a cumpre? – Esse preceito
Que condemna o obscurantismo,
Segue-o acaso alguma grei?
E se alguma o segue, entende-o? . . .
Não entende, não, a fundo;
Que inda a sombra cobre a terra,
Que inda é pouca a luz no mundo.
És rei, és rei cujo nome
Se antevê na eternidade;
Astro na noite dos tempos
Através da longa idade.
No lavor, lavor sagrado,
Aos irmãos dando thesouros,
Fabricaste o próprio sceptro,
Ès rei nos carmes, no plectro,
Que alteias, que divinizas!
Vate egrégio, homem portento;
És monarcha na poesia,
És um deus no pensamento.
António Feliciano de Castilho