sexta-feira, dezembro 29, 2006

Lágrimas salgadas
caídas
em doiradas
ondas,
dumas
dunas
raiadas
d´um sol d´oiro.

Tu, Sebastião
choras
preso
num fado
fatalista,
deprimido
e descrento
dum povo
republicano

Vós, Pátria minha,
ergue-te Saudade
Saudosista
deste Povo
heróico
em crer,
histórico por Ser,
ainda,
em tão
vasto Império.

Francisco Canelas de Melo

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Alban Arthan


Alban Arthan...

Dia 22 de Dezembro pelas 00:22 ocorrerá o Solstício de Inverno...
Hoje é a noite na longa do ano, o dia mais curto do ano, o eterno balanço da Luz e das Trevas.

Segundo a Tradição, este momento designado por Alban Arthan, tem o profundo significado do renascimento. O novo nascimento da Luz, representado pelo crescer gradual das horas solares, apresenta o Caminhar iluminado de nossos passos...Assim hoje será dia de meditar, jejuar e preparar o "renascimento" que ocorrerá no interior de cada um de Nós...

Fiat Lux
Virei-a,
Luz,
chama
ardente
em negro
céu,
como
uma
strela
cintilante
que nos
guia...

Sete pontos,
Sete destinos
em Sete
vidas...
cumpridas,
ou por
cumprir.
Fazem de nós,
navegadores
de Céus
nunca
dantes
Sonhados.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, dezembro 01, 2006

À um Amigo, Amigo...!

Um velho
Barbudo,
Bêbado
De eloquência
De Vida
Imensa.
Sorri,
Ri,
Vive
E chora
A Alma
Imersa
Na raiz
Da vida,
Na esperança
Da morte
Que liberta.


Francisco Canelas de Melo

Vi
A chama
Que clama
Em viver
Do brilho
Luzidio
A nascer…

Lareira
do Mundo,
ventre da
Terra,
Sangue
Quente
De pedra,
Rocha,
Do monte
A nascer…

Dizem,
Palavras, vazias,
Cheias de Ar,
Quente,
morno,
e frio
em árido
deserto,
em húmido
Ser
Clemente
Em ver,
Viver,
Uma vida
Incerta,
Indiscreta
Mas certa
De Morrer!

Francisco Canelas de Melo

Vox

Celestial…

Angelical,

Coro
Magnânimo
que cantas
em mim
Requiem
Aeternam

de Vida
de Morte
que clamas
em viver
em mim.

Francisco Canelas de Melo

Sonho as sombras do meu Ser
a Eternidade
plena
criada para
Nós,
Homens,
de carne putrefacta.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, novembro 17, 2006

Esta espada
que arremesso
volteando ao
Alto,
pela Fé,
Esperança,
Caridade...

Pelo Nome
do Senhor,
Venerável Criador
Do céu e da terra...

Pelo Guardião
que me protege
com sua Ala.

Por Vós,
Santa Esperança
da Razão que
me guarda e acompanha...

Ergo-te...

EXCALIBUR



Francisco Canelas de Melo
Este bafo
de dragão,
neblina intensa
cegando o olhar
profundo
de um Ser.

Brumas densas,
na vida do Cavaleiro,
solitário destino,
busca árdua,
que Tu,
só Tu,
Puro Perceval
conseguiste...

Castelo irreal
perdido em névoa.

Guardião do
Graal...

"Ei-lo!"...
...Sangreal...

Francisco Canelas de Melo

À Roger de Lunel

Leio, vivo, recordo
a visão dum passado,
de dor,
sangue,
morte...

Diário d´Escrivel
de Lunel,
Cavaleiro de Consciência,
Cruzado,
Guerreiro de Christo.

Vives,
imortal
no peito,
na Cruz
rubra de sangue,
sangue real...

Relatas a Vida,
a Morte ressucitada
deste pobre
rebanho
tresmalhado
d´Adhémar...

Lutas quase
morto
em busca d´algo...

Redenção,
a Vida que morre
em Morte que nasce...

Francisco Canelas de Melo
Quadro negro
de imensa escuridão,
Trevas profundas
que penetram
minh´Alma...

Visão misteriosa
do Passado
do Futuro
incerto para uns...
traçado para outros...

Fado marcado
pela centelha
de Deus.


Francisco Canelas de Melo

terça-feira, novembro 07, 2006

Carta de Fernando Pessoa

Ideologia política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, com pena, pela República. Conservador de estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservadorismo, e absolutamente anti-reaccionário.
Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo mítico, de onde seja abolida toda infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação".
Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.
Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.
Fernando Pessoa
30 de Março de 1935
retirado do blog "Sobre o tempo que passa"

sexta-feira, outubro 20, 2006

Morte que clamas
em Viver
em Existir

Demora constante
de Existir,
de Sentir,
de...
de...

Quase Viver
envolto em
negro manto
de escuridão.

Trevas possuídas,
manifestações diabólicas
só salvas
pela lâmina
de minha espada...

Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, outubro 18, 2006

Sinto-vos,
Cavaleiro!
Teu roto manto,
ainda imaculado
varendo o chão
empedrado
dum convento,
dum Templo.

Rocha=pedra,
dum cavaleiro
de nove,
em nove...

Em túnel jurado,
Amor, Fé, Esperança,
Viver
pela espada
embainhada.

Em selo marcado,
humilde servo,
cavalo, corcel
partilhado
por nós...

Escudo partido
como a vida
de Homem,
dia e noite,
luz e escuridão.

Três cores,
negro,
vermelho,
branco,
...grandioso Beausant!

Francisco Canelas de Melo

Thomar

Terra-mãe,
verbo vivo
resistente ao Tempo
a nós, Homens,
a vós, humanos,

Mantos que te guardam,
que te guardam?!

Nós, Portugal!
Vós, Porto do Graal...

Francisco Canelas de Melo
Ascendo em ti,
Pai Celestial..
Curvo-me de frio,
de dor, saudade, nostalgia
de Ti, de mim, do
Sanctus Celestialis.

Vivo, sobrevivo,
vivo, morro,
renasço
e digo,

Vida vivida
Vida perdida
Vida por viver
ergo-me da sepultura
e grito:

-Hoje serei LUX!!!

Vivo pela chama
que me ilumina,
candeia florescente
do sentimento doloroso
duma vida monótona.

Cerro-me
em despida cela,
palha no chão
de terra,
Aquece meu seco corpo...

E Vós, doce LUX,
Aqueces minh´Alma,
iluminas meu passos,
cada sentido do meu
Caminho...
Espero-te, Bomfim.

Francisco Canelas de Melo
Cruz de sangue,
cruz de carne
e sofrimento,
cruz de dor
em ombros suportada
por nós,
Homens do Mundo,
cruéis, duros, imortais
que vivem e morrem,
sonham e comem,
na ânsia dum
sopro, quase, divino.

Voz convocatória
do Altíssimo Chamamento

Olhai,
contemplai,
morte por vida,
vida por morte,
esperança renascida
dum grito...
duma...
Nova Vida.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, setembro 15, 2006

Em bela serra me vi,
em sonhos dispersos,
por unir numa vaga lembrança
que urge dentro de mim.

É a vida que quer viver
o existir a querer aparecer,
a luta de uma noite, de uma lua
a vingança de um dia...

Vive oh Mátria minha.
Vive na tão amada serra que me viu
Crescer.

Francisco Canelas de Melo
Sem caneta screvo,
sentado à beira vida,
Encoberto
pela aparente morte que me ilude,

Ilumina-me a vida
em contraste à morte,
permatura vivência a nascer
em dia por saber.

Francisco Canelas de Melo

quinta-feira, agosto 17, 2006

Oiço-te,
Ó grandioso Zéfiro,
Em escarpa íngreme
do monstruoso rochedo
engolindo
um céu nebuloso,


Oiço-te,
doce cantar
de um rouxinol
embebido num luar
matinal,

Oiço-te,
Mãe-Natura
Virgem
e Pura,
que clamas
por nós...

Oiço-vos,
Meus Irmãos,

Oiço-nos,
oiço,

Um cair de lágrimas em terra
dum sofrimento ardente,
sufocante e destruidor
das altas labaredas
alimentando nossa dor...

Chorai Irmãos da Mátria-Natura,
lágrimas de Druida,
em rios correrão,
até ao fim
da desventura.

Francisco Canelas de Melo
Páginas brancas
do meu Ser.
Folhas perdidas
passadas pelo tempo,
sonhado, vivido, sofrido
no Caminho
à percorrer...

Francisco Canelas de Melo
Bogalho de carvalho
ovo de serpente,
caído
em húmido chão,
completo de vida
obscura aos olhos,
humanos,
discriminantes
do que
vive na Vida,
Na Mátria-Natura.

Humano e desumano
ventre
desta cultura,
perdida,
esquecida,
envolta
por bruma
dum nevoeiro,
Neblina
renascida
pelas gotas
D´orvalho.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, julho 21, 2006

Desvaneios duma noite quente de verão

Após breve leitura de um pequeno livro de homenagem a Teixeira de Pascoaes pelos escritores da "Tertúlia "Rio de Prata", conheci, (re)vivi longinquamente, sem recordar em consciência, presenciar as sombras do Marão, a mátria-natura do Gêres, panteão de Deus, uma força única vinda do Alto e tão presente no baixo.
Nós ignoramo-lá; pior, marginalizamos a nosso própria essência, renegamos qualquer sinal manifestado, continuando a existir até à putrefacção da carne.
Diz o Espírito de Marânus, que "o homem existe, enquanto devia viver".
Definição precisa; o homem existe enquanto animal, pela sua condição de ser existente, mas logo que se extingue o suspirar, deixa de existir.
Contudo, nunca chegou a viver. Só a Vida tem capacidade de imortalizar o Ser, e não a existência. Já diz Fernando Pessoa:

"(...)
Vive porque a vida dura,
E nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz-
Ter por vida a sepultura."

Esta durabilidade da vida, trata-se da mera condição existencial do homem.
Talvez a fórmula de vivermos esteja contida nas sábias e metáforicas palavras de Agostinho da Silva, "não deveremos ter, deveremos ser".
Ser é viver "como", enquanto existir será viver "com" ou "sem". Talvez existir "com" a Natureza nos reserve um pouco de lembrança, de saudade de onde viemos, e nos abandone esta constante "saudade de ter Saudade" (Agostinho da Silva).

terça-feira, julho 18, 2006

Pequena lembrança de Teixeira de Pascoaes

Screvo
Morto-vivo,
Respiro ar
Mas não
Vivo,
Deixo-me
Existir
Disperso
Da Natureza
Que Marão
(A)guarda.

Fútil vivência,
A morte presença
Do esquecido passado
Escondido,
Perdido,
Ignorado,
Pelos mortos-vivos,
Homens nascidos,
Paridos
Cegos órfãos
Da Mãe-Natura.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, julho 14, 2006

A Noite

Sepulcro repleto de pedras e de trevas
onde um rei chora perdidas rosas

A noite é um jardim de ossos
onde num banco de pérolas o corpo dia
tem os membros paralisados e frios
Só os olhos se movem

Ap longe o rei dorme por entre paredes de
hera, colunas de mármore azul
A noite é um arco, um ventre que conserva
o dia oculto
numa torre de brumas e de mistério

"Arte Régia" de António Cândido Franco

Teoria da Saudade

Na língua portuguesa há um certo número de palavras, altamente expressivas do que a nossa sensibilidade possui de mais íntimo e característico, e, por isso, sem equivalentes nas outras línguas.
Mas nós não conhecemos ainda uma célebre palavra, animada pelos dois princípios religiosos que definem a alma pátria.
Não precisamos de reunir vários sentimentos comuns dos portugueses, para com eles desenharmos o seu carácter moral. Conhecemos um que o define por completo. Refiro-me à Saudade.
Analisai-a e vereis logo os elementos que a formam: desejo e lembrança, conforme Duarte Nunes de Leão; gosto e amargura, segundo Garrett.
O desejo é a parte sensual e alegre da Saudade, e a lembrança representa a sua face espiritual e dolorida, porque a lembrança inclui a ausência duma cousa ou dum ser amado, que adquire presença espiritual em nós.
A dor espiritualiza o desejo, e o desejo, por sua vez, materializa a dor. Lembrança e desejo confundem-se, penetram-se mutuamente animados da mesma força vital e assimiladora; e precipitam-se depois num sentimento novo, que é a Saudade.
Pelo desejo e pela dor, a Saudade representa o sangue e a terra de que descende a nossa Raça.
Desta forma, aqueles dois ramos étnicos que deram origem aos povos latinos, encontraram na Saudade e, portanto, na alma portuguesa, a sua divina síntese espiritual.
A Saudade pelo desejo (desejar é querer, e querer é esperar), em virtude da própria natureza do desejo, é também a esperança, assim como é lembrança pela dor.
Pela esperança e pelo desejo, a Saudade é Vénus; pela dor e pela lembrança é a Virgem Dolorosa.
As duas Deusas confundem-se neste sentimento essencial dos lusíadas, originando um nova Divindade que é o símbolo vivo da alma pátria...

Teixeira de Pascoes

In "Arte de Ser Português", Renascença, Porto,
1915

domingo, julho 09, 2006

"Entre o que pensamos e o que escrevemos vai
aquele trágico e fecundo afastamento, que não
nos deixa escrever um só livro, mas muitos e
sempre, até que a morte suprima a distância
entre o corpo e a alma"

Leonardo Coimbra

segunda-feira, julho 03, 2006

BULBUL de João Carlos Raposo Nunes

BULBUL. Nome persa do rouxinol, e que na Índia é dado ao Lanius boulboul Lath., de que há variedades, de canto muito doce.
O Bulbul e o môruôni são a melodia das espessuras, dos palmares e arecais de Goa.
Alberto Osório de Castro in O Sinal da Sombra, 1923
É assim que se inicia esta excelente obra poética do Amigo João Carlos Raposo Nunes.
Amigo na plenitude total da palavra, Irmão no maior sentido da palavra de Irmandade e tudo o que ela abarca e Mestre, que tem a mestria dos Grandes, de ensinar não do Alto, mas junto de nós, partilhando num transmitir-receber...
Discípulo de Agostinho da Silva, foi nomeado pelo filósofo cidadão do mundo, Alferes da Pátria e Alferes do V Império.
Assim em jeito de singela homenagem transcrevo o prelúdio do Mestre Agostinho à obra citada:
IMPÉRIO SÃO FILIPE DO ESPÍRITO SANTO
Castelo Real
Setúbal-Portugal
A Arrábida espera. Deixamos por agora de considerar e falar do esporão de Palmela, pois dêle tem ido tomando conta Santiago, seu Senhor e Dono, e, como tem de ser, seu inspirador de futuro. Partiremos das arribas de Setúbal e veremos, como apoio e empurrão de largada, a um tempo o Grupo que Raposo Nunes tem congregado em sua Arca do Setubalense, e, como mais perto e excelente incitamento à empresa, o livro de Poemas sob o título de BULBUL ou seja o Rouxinol de Oriente, em que, num perfeito domínio da linguagem e de tôda a musicalidade exterior do verso, lhe dá equilibrado vertebrar a musicalidade interna de ver todo o passado como projecto futuro, de se tomar saudade como valente desejo a premonição de que virá tempo em que olharemos a Serra como triângulo para além da terra e à terra vinculado de que são extremos Europa, Ásia e África e em que nos ajoelharemos perante o Brasil, criação máxima dos Portugueses e modelo que se mostrará de todo o mundo a vir, de um mundo novo nem avaro nem triste; não esqueceremos o patrono geral, místico dos céus sem que o mundo esqueça, Frei Agostinho da Cruz, com sua cela de monte e sua gineta de companhia, nem esquecerei eu o trabalho de Orlando Ribeiro, o primeiro que, com sua implícita metafísica, pôs mais ordem no que se pensaria caos do que jamais fará o moderno progresso das fractais, em que matemática irá a domínios de que estava esquecida mas que felizmente nunca avançará bastante para que da vida desapareça o que a faz de interesse, isto é, o inesperado da verdadeira e suprema criatividade; não esqueceu ao Autor, sempre na melhor inspiração, olhar em Sebastião da Gama o sentido das viagens que se julgam impossíveis e o sacrifício na batalha que todos têm julgado desastrosa, mas que atravou os Turcos, firmou economia do Brasil e amparou em provações gente do outro lado do Atlântico; à Senhora do Cabo chegaremos e aí estará a recordação do génio analítico de Keil do Amaral ante o genético génio do Povo.
Por agora ficaremos em Setúbal, para que todos possamos discutir e entender neste Império, de que tem de ser Alferes Raposo Nunes, o canto do Bulbul, agora ave mesmo. O faremos pensando no Castelo que homenageou o Rei Filipe e faremos que desta vez perceba êle como é o Entre-Sado-e-Tejo a verdadeira Capital do que pelo mundo tenha tido semeadura ibérica. Não nos faltará a nenhum de nós audácia e reflexão: sabemos que a loucura só vale quando não nos falta o juízo. A tudo vamos, connosco venham.
Agostinho da Silva
Agosto 90
TÚBAL
Guardo o cantar do Bulbul
Como um segredo de séculos.
Da Índia à Arrábida
ausculto o piar da sombra.
A Nau da Saudade vem carregada de Lua.
Aberta a Arca do Ocidente
a luz emanada tem a forma
espectral da Ausência.
Avisto Cam, Sem e Jafé
a Arrábida é um triângulo
Europa, África e Ásia.
Ajoelho frente ao Brasil,
nu
no ponto mais alto da serra
à espera do homem de todo o mundo.
Nu
no prolongamento etéreo até ao regresso do Rei
insensível à vida e à morte,
pronunciando o Mantra: -«a liberdade é o próprio espírito»

quinta-feira, junho 29, 2006

"Pro Meditari"


"Ninguém pode receber a Luz a não ser que tenha esperança na Luz e aspire a ela. Se está contente com a expectação das Trevas, que as trevas estejam com ele já que está contente com elas. Trevas é o que tem e nada pode esperar, se está contente com o que tem"

Fernando Pessoa

Poeta de dor
Em espada
Trespassado,
Desfecho
De morte
Na eterna
Desventura
Dum Povo
Atlante.

Francisco Canelas de Melo
Chorai
Cordas,
Profundas
De dor,

Chorai Povo,
Que hora
Adversa
Clama
Em chegar
À Mátria
Lusitânia.

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, junho 27, 2006

Um rio,
Sangue
E ardor
De ver partir
Naus de dor,
Saudade,
Melancolia por
Sentir.

Parte caravela,
Parte ó sonho,
Esperado,
Sonnhado,
Criado,
Por nós,
Por vós...

Ó cidadãos do mundo,
Esperado cumprir,
Sonhos,
Em amarras de couro
De simples
Sapateiro,
Natural de
Trancoso.

Francisco Canelas de Melo

Dia de São João

Dia de Santo
Baptismo de Água,
Baptismo de Fogo,
Na fogueira
Ardente;
Alcachofra renascida,
Re-florida, de cinzas
Passada para Vida,
Em lume de
Madeira encarpecida
Em Noite d´orvalho.

Francisco Canelas de Melo
Nocturna claridade
Envolta
Em nebuloso céu
Que embarca minha
Viagem,
Clareando a consciência
Dum esforço
De escrita
Frutos, desvaneios
De pobre poeta.

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, junho 23, 2006

"Quando os governantes abusam do seu poder; quando os pais se habituam a deixar os filhos sem disciplina; quando os filhos não prestam atenção às suas palavras; quando os mestres tremem diante de seus alunos e preferem bajulá-los; quando, finalmente, os jovens desprezam as leis e a moral porque não reconhecem acima deles a autoridade de nenhuma coisa ou pessoa, então surge ali em toda a beleza e em toda a juventude, o nascimento da tirania"

Platão


Ao encontrar estas sábias palavras de sábio quase-profeta na antiga publicação mensal, a Lusophia nº37 -Dezembro 2002 ( que deixou-nos bastante saudade; encontra-se publicado em na editora www.zefiro.pt) pensei partilha-las connvosco.
Penso que não haverá pensamento de maior actualidade que este grandioso filósofo concebeu. Em todos os seus pontos encontramos sábias palavras adequadas a quase todas as épocas. Contudo, eleva-me uma preocupação extrema com algo que ainda não teria surgido, a falta de reconhecimento de Autoridade. Ora, a suma deste excerto, talvez seja um legado "aviso" aos tempos vindouros escrito por respeitado mestre para todas as Eras ocidentais. Não faria sentido falar de autoridade, ou melhor, falta de respeitar a Autoridade, na Antiguidade Clássica. Todos conhecemos o desenrolar importante do papel paternalista, inicialmente da Familia, mais tarde do mestre, na formação de um indivíduo. Esta formação mesmo na chamada idade das trevas, constitui sempre, além de uma forte formação espiritual baseada nos princípios da Ordem de Cavalaria, uma formação cultural, baseada na formação dos cidadãos romanos, que por sua vez, copiaram de seus arqui-rivais gregos.
Toda esta perpertuação inter-secular só foi conseguida através do respeito pela doutrina do conhecimento, adquirida voluntariamente por consciência da Autoridade que lhe deveriam prestar. Por sua vez, saberiam que a mesma seria garantida no seu viver, recompondo o ciclo, iniciado na sua educação, preparando de igual forma a sua sucessão, educando, formando segundo os mesmos principios, já enriquecidos por uma experimentação diária.
Poderão pensar que se trata de uma visão antiquada, passada de moda, mas de facto foi perpetuada até há bastante pouco tempo. Tal como dizia Agostinho da Silva, "o homem não foi feito para trabalhar, mas para criar", deveremos ter a liberdade de escolher o que gostamos e fazer. É obvio que a educação primordial baseava-se em vários pârametros desactualizados, contudo, permitia uma maior abertura à concretização do pensamente Agostiniano. A verdadeira Autoridade deverá ser connosco, dentro de nós, obedecendo a nossa vontade, renegando a vontade alheia, concretizando nossos objectivos pessoais, nossos sonhos. Citando novamente Agostinho da Silva, "não deveremos fazer ou ter, deveremos SER", ou seja, sermos nós próprios, produto exclusivo dentro da comunidade universal.
Em jeito de ligeira conclusão, poderia afirmar que a Autoridade trata-se dum conceito mutualista, autoridades com os outros, autoridade connosco, é de facto a maneira mais sensata e correcta de combater as últimas palavras aqui citadas de Platão.

sexta-feira, junho 16, 2006

uma viagem...

Caros Amigos,

Não fazendo apenas deste blog um espaço de poesia, ou tentativa de a fazer, mas tendo por princípio um espaço de partilha pessoal connvosco, decidir partilhar os seguintes pensamentos.

Ontem, dia 15 de junho, feriado nacional, resolvi eu, juntamente com a "outra parte de mim", fazer um roteiro especial visitando um dos locais da conhecida "rota do Graal".
Dirão alguns de vós, passeio "domingueiro", passeio vulgar, mas para mim foi uma oportunidade no escasso tempo que as minhas obrigações escolares me permitem. De facto uma data menos boa, mas não deixa de ser uma data igual as outras, merecendo a mesma atenção, o mesmo respeito.
Chego a Tomar, Terra de Cavaleiros, Templários e seus legítimos herdeiros...Pego no livro do meu ilustre Amigo J. Medeiros, e preparo-me para iniciar um percurso por locais históricos repletos de misticismo. Vou direito a Igreja de Santa Maria do Olival, Panteão da Ordem dos Templários e dos primeiros 6 mestre da Ordem de Cristo. A ultima igreja que possuiu uma imagem do perturbante "baphomet" retirada na decada de 90, bem como, construida sobre a imagem de um pentagrama que se ergue num lindissimo vitral por detrás do altar. Leio um pequeno excerto do livro e início esta viagem pelo passado...Ou tento faze-lo!!! Assim que entro encontro um grupo de pessoa numa quase obstrução da entrada...uns agarrados a um mapa, outros numa acesa conversa de café...Escusado será dizer que se trata de uma Igreja!

Enfim restou-me continuar...Dirigi-me ao centro de Tomar, para visitar a famosa Igreja de S. João Baptista. Este Templo possui um simbolismo bastante forte, discreto a maioria, de muitas interpretações. Curiosamente o único torreão que possui, tem forma octagonal, idêntica as igrejas primitivas, reproduções do Templo do Santo Sepulcro. Debaixo desta torre encontra-se a Pia Basptismal e uma excelente pintura de S. João Baptista, Jesus Cristo e S. João Evangelista. Aqui encontrei o sossego. Praticamente deserta, permitei cumprir a vontade desta viagem...Relembrei os excelente quadros de Gregório Lopes, esclareci a minha companhia do seu significado, deixando a sua mêrce a interpretação do seu simbolismo.

Por fim, o ponto supostamente alto: Castelo dos Templários/Convento de Cristo. Sentido uma imensa responsabilidade de ser um "guia" histórico nesta viagem, lá vou soltando pequenas frases, do humilde conhecimento que tenho sobre tão magistoso edificio. Mas desiludi-me...e desiludi! Não poderia ter escolhido pior dia...pior data que um feriado...Entrei na Charola e deparei-me com uma funcionária aos gritos a proibir a multidão de turistas de tirarem fotos. Encontrei um tipo a ler um folhete em cima do altar da charola...miudos a correr, outros a gritar violando a sonoridade do silêncio merecido ( e que se deveria exigir) deste local. Será que serão assim tão ignorantes e não saibam que estão numa Igreja?! Será que não se apercebem que estão a violar o Templo?! É verdade que são pedras...mas pedras carregadas de histórias para contar, que merecem respeito por quem as quer ouvir falar...
Deveremos ser Peregrinos e não turistas....até o mais laico dos laicos deverá ser peregrino mesmo na busca do vazio.

Curiosamente acabo a viagem em fronte das águas do Tejo. Na sua margem esquerda, observando o não menos interessante Castelo do Almourol...Ai à distância da margem do rio, senti o conjunto de sensações que só esperaria sentir em Thomar...Foi um despertar tardio...mas foi um despertar...

segunda-feira, junho 12, 2006

Nocturno céu
De existir
No pano negro
Rasgado,
Penetrado,
De raios, ou
Strellas
Desenhando,
Por pontos,
Em pontos,
O mapa
Traçado
De uma Pátria
Longuínqua!

Francisco Canelas de Melo
Esta auréola
Que te envolve,
Luz na
Negra escuridão,
Em reflexo
Solar
Dum espelhado
Mar...
De tranquilidade nocturna.

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, junho 06, 2006

Após noite
Quase perdida
Sonhada em
Ser...
Criado por
Ser...
Querer...
Sonhar contigo,
Sonho passado
Num futuro
Longuínquo
E desejado...
Por desejar
Ter-te
A meu lado
Na Vida,
Sem vida,
De imortal existência,
Confinada,
Aos conscientes
Da eternidade
Esperada.

Francisco Canelas de Melo

segunda-feira, junho 05, 2006

Adopção inconsciente
Em creança,
De verdes cores
Em Primavera
Duma Serra
Sem serra(s).

Mata Sagrada,
Sentida por todos,
Mátria guardada
No coração
de Todos.

Francisco Canelas de Melo

Festas do Divino Espírito Santo
Dia de Pentecostes,
Luso
Relíquia sagrada,
Escondida do mundo,
Guardada do tempo
Infinito de Ser.

Lâmina de Razão,
Gume de Honra,
Na bainha da Paz
Sob capa traçada
De Imaculada brancura
Dum cavaleiro Puro
de coração Esperançoso,
Caridoso,
Em Humilde
Corpo Mantido...

Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, maio 31, 2006

Caros Amigos,

Aproxima-se o dia 4 de Junho. Para muitos um dia normal, para outros uma data movél, 50 dias após a Páscoa. Mas muito desconhecem o que se conta 50 dias após...40 dias é o dia da Espiga...mas 50 dias?! Quem saberá?
Eu digo-vos, o dia de Pentecostes. A comemoração secular do Culto popular do Divino Espirito Santo.
Muito teria eu de escrever sobre este Culto mas a brevidade que este textos blogsfericos obriga a relatar o essencial.

O Culto Popular do Divino Espirito Santo surge em Portugal por influência da Rainha Santa Isabel no seculo XIII. Está directamente ligado a teoria do abade Joaquim de Fiora das três Idades, a Idade do Pai (até a vinda de Cristo), a Idade do Filho (actualmente desde a ressureição) e a Idade do Espírito Santo. Está ultima será o periodo onde reinará a Paz no Mundo. Este principio fez com que a igreja católica, por vezes, se sentisse ameaçada, ao ponto de o proprio Joaquim de Fiora, abade beneditino, ser expulso da sua Ordem, juntando-se mais tarde aos chamados Franciscanos Espirituais, que pregavam a pobreza de Cristo.
Ora, a teoria de Joaquim de Fiora, vem juntar-se o sonho de Daniel, parte componente do antigo evangelho, por sua vez ajuda a consolidar o príncipio do V Império. O Império do Espirito, começado pelos Portugueses mas para toda a humanidade.

Muito resumidamente, e mal contado, penso que será um pequeno esclarecimento da ideia do espirito sebastianista que ilumina a Alma de todos os Portugueses.

Prometo oportunamente aprofundar o assunto.

terça-feira, maio 30, 2006

Uma Reflexão a ter...

"Que Portugal tome consciência de si mesmo. Que rejeite os elementos estranhos. Ponha de parte Roma e a sua religião. Entregue-se à sua própria Alma. Nela encontrará a tradição dos romances de Cavalaria, onde passa, próxima ou remota, a tradição secreta do Cristianismo, a sucessão super-apostólica, a demanda do Santo Graal. Todas essas coisas, necessariamente dados em mistério, representam a verdadeira íntima da Alma, a conversão com os símbolos (...).

Fernando Pessoa
Caros Amigos,

Alguns de vós devem estranhar a ausência de escrita neste blog, mas o facto prende-se por estar sem internet neste momento. Só me resta algum tempo nesta época de exames para aceder a esta via na universidade.

Prometo fazer um esforço temporal para ir actualizando mais frequentemente.

De qualquer forma, não parei de escrever, vou escrevendo de tudo um pouco, poesia, reflexões pessoais, enfim nota para mais tarde recorrer no momento certo.

As minhas desculpas,

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, maio 09, 2006

Lindo Amor
Este,
Nunca imaginado,
Esperado
Ou sonhado,
Linda partida
Do Destino,
Linda Vida Esperada,
Sonho de Vida,
Na ânsia,
Ansiada
Nesta Vida
Quase Alcancada.

Francisco Canelas de Melo

segunda-feira, maio 08, 2006

Caravelas no meu Ser
Velejam
Em ventos sinuosos
E oblíquos,
Em mares
De bravas
Ondas, e
Tempestades
Destruidoras
Num cabo
A atravessar...

Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, maio 03, 2006

Mundos
Que existem
Em Planos
Por achar,
Numa quimera
Que dentro
De Nós
Vive,
Numa vida
E numa morte,
Sem vida ou
Morte,
Existência
Do Ser
Viajando
Pelos "Mundos"
Nas naus
Do sonho.

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, abril 25, 2006

In Vino Veritas

Num copo
Algo digo,
Num jarro
Algo clamo,
Vinho dito
Palavras de
Verdade,
Contidas por
Dizer,
Esperando
Coragem
Dita num
Simples copo
Dum vinho,
Falando Verdade.......

Francisco Canelas de Melo

Luto Dia


Negro dia
Duma revolução
Tão prometida
E ansiada,
Liberdade sonhada
Por uns...
Liberdade perdida
Por outros...
Promessa de libertação
Dum Mundo tido
Liberto,
Duma prisão
Para maior aprisionamento
Do meu coração!

Francisco Canelas de Melo

domingo, abril 23, 2006

Tua Simpatia
É um mero
Reflexo do
Espelhado Céu,
Na profundidade,
Do extenso
Mar que nos Acalma...
Num simples gesto,
Da tua Doçura!

Francisco Canelas de Melo

quinta-feira, abril 20, 2006

Negra noite,
Densa
Escuridão...
Brilho profundo
Dum estrelado céu
Alentejano.

Noite de Vida,
Noite clareando,
Noite Sonhando,
Sonhos de Mares e Mundos
Por descobrir,
Numa nau de saudade
Flutuando no mar etéreo
Do sonho clareando
No amanhecer
Do Dia...

Francisco Canelas de Melo
Sentimento
Por fim
Encontrado,
Quase perdido
No Tempo,
Quase desistido
De ir vivendo...

Sofrimento profundo
Quase perdido,
Somente por
Se encontrar
Num Sonho remoto
Por recordar...
...acordado...em Vida!

Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, abril 19, 2006

Caros Amigos,

Felizmente dirão alguns que lhe dei paz e sossego desta minha escrita...ou poderão dizer o contrário, mas um facto trágico levou a suspender essa contínua, quase-inspiração, de escrever.

Mas parece que irei torna-los a "chatear", alguns dirão aborrecer...

Tal como dizia uma amiga, poderá haver fases de menor inspiração, mas de breve recuperação. E direi eu, maior inspiração não será aquela que está na inconstância do que pensamos e escrevemos?! Será que, essas fases de morta inspiração, latente, que levam ao descrédito pessoal do autor, e talvez de alguns Poetas, não será realmente a prova da verdadeira inspiração?!

Bem eu quando escrevo, partilho o que sinto e penso dizer...Abro um porta, e deixo-a entre-aberta a minha consciência...por vezes abre-se toda, outras mesmo, fecha-se por completa. Mas direi eu, sonhador de palavras, que está poética está num meio insconciente da vigilia e dum sonho.

Hoje, meus Amigos, Sonhei fingir ser Poeta, fingir e sonhar, crer algo que só a poética nos permite fazer...Fingir e não mentir...Fingir e criar, imaginar tal como Pessoa sonhava seus heteronimos...

Sonhar o que será?!

Fingir um mundo ou viver outro Mundo?!

Seja o que for, é sempre um Sonho...palavra adjectiva da vontade querida e revelada duma profundidade submersa durante a consciência do consciente Humano...

sábado, abril 15, 2006

XVIIII

Manto branco,
Perdido no Tempo,
Escondido na
História
De Deus e dos homens.

Espada é Cruz,
Guerreiro é Monge
Da Luz,
Reluzente no
Gume duma Lâmina
De Sol....

XVIIII,
Número estranho
Nunca visto...

Luz que iluminas,
Luz de Sol,
Luz de Luar,
Seja sempre Luz
A Caminhar para...
Luz...

Fiat Lux

Francisco Canelas de Melo
Amo sem ver
E sem sentir,

Amo Sabor
De sorrir,

Amo uma Vida
Sofrida
Longe d´Alguém...

Vivo num sonho
Imaginável
Duma Vida
Por viver...

Amando não um
Amor...

Amando..
..Somente Amor...

Francisco Canelas de Melo

Sangreal


Templo achado,
Perdido para herdar,
Num Mistério dado...

Esperançado Cálix,
Sonhado e bebido,
Num sonho
Protegido p´los
Mantos Branco.

Cruz de Sangue
Sangue de Cristo...

Francisco Canelas de Melo

quinta-feira, abril 13, 2006

Olhos
Espelho d´Alma,
Reflexo do
Ser,
Vivo,
Dentro de Nós...

Espelho baço,
Só de lágrimas,
Choradas,
Num imerso
Banho,
Do eterno Espírito,
Lavando uma poeira
Solta pelo
Caminhar dum corpo...

Olhos castanhos,
Verdes....azuis,
Marca inteligível
Sem Consciência
Do reflexo próprio,
Espelhado na
Clareza
Dum ternurento olhar...

Francisco Canelas de Melo

Somnium

Sonho de quintus
De primus
Et quartus,
Sonho de Fiore
De Bandarra
E Vieira.

Sonhado por um
Poeta incógnito
de tantos Seres...

Sonho dum Marujo,
Guerreiro e Monge,
Mestre duma Ordem
Natural de Ser
e Viver,
Num Portugal
Não vivido,
Perdido,
Por encontrar
Nas brumas
Dum Sonho...

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, abril 11, 2006



Dor d´Alma
Que Chorais
Em mim...
Dor infinita
Que clamas
Um sofrimento
Único,
Só meu e Teu...

Negra neblina,
Que assola,
Uma visão
Do paraíso,
Duma Ilha
Querida e sonhada
Por um Poeta...

Tágides dele,
E de tantos,
De além
e de riba-tejo,
Campina verde
Onde Nós,
Só Nós,
Vivemos
Sonhos e recriações
Duma vida passada e futura
Do mito que vai vivendo,
Na eterna sepultura...

Francisco Canelas de Melo

Ao meu Mestre....


Nasce quase
Comum,
Filho de Rei
Ignorado,
Esquecido,
Mas preparado
Para um Fado
Por Ele sonhado.

Mestre duma Cruz-Liz,
Dum Templo
Sem Tempo...

Pai de Santo,
De Rei, e
De Navegador,
Pai de Ínclita Geração.

Cumpre um Primeiro
Tempo de Ser,
Sonho de Trovas,
Dum Rei-Trovador!

Morre de velho,
De Saudade
Dum Futuro
Sonhado e Começado
Num Reinado
Dum Artur, nascido
Sonhado, e
Criado...
...Portuguez!!!

Francisco Canelas de Melo

El-Rei Dom João I, Mestre D´Aviz




Caros Amigos,

Hoje, dia 11 de Abril, há precisamente 649 anos nascia aquele que seria conhecido por todos pelo Mestre D´Aviz.
Nasce a 11 de Abril de 1357 em São João da Praça, Lisboa, filho de El-Rei D. Pedro o Crú e de Dona Teresa Lourenço, aia da Rainha D. Inês de Castro. Filho bastardo, foi criado pelo Mestre da Ordem de Cristo, que ao vagar o Mestrado da Ordem d´Aviz pede a El-Rei que seja entregue a seu filho. Dom João, é armado cavaleiro aos 8 anos durante uma caçada na Comenda do Pinheiro (Chamusca), pertença da Ordem de Cristo.
Durante o Reinado de seu irmão, El-Rei D. Fernando, apesar de presença assidua na corte, defende as incursões castelhanas pelo alentejo.
Após a morte de El-Rei, o governo do Reino é entregue a Rainha Dona Leonor Teles, que juntamente com o conde andeiro vão governando passivamente à vontade d´El-rei de Castela.
Após insistência do Velho Álvaro Pais, Dom João de Aviz, revolta-se matando o conde andeiro no Paço, fazendo anunciar a sua própria morte. No meio do alvoroço, o povo que chorava pelas ruas a sua "morte", jurando vingança ao conde matam o cónego que está por castela, atirando-o dum torreão. Mas ao verem-no vivo, logo o aclamam Defensor e Regedor de Lisboa.
Após a rebelião, castela invade o Reino e impõem um severo cerco a Lisboa, só findado pela peste.
Nesses instante, um grande Homem, Guerreiro e Santo, Irmão d´Alma do Mestre, vai batalhando no Alentejo. Conquista praças e castelos em nome do Mestre.
Após o cerco de Lisboa, convocam-se cortes em Coimbra, o leal jurista João da Regras consegue que aclamem o Mestre Rei de Portugal. Castela invade novamente, e os exercitos encontram-se num vale entre dois rios que se juntavam...Era Aljubarrota...Sentia-se o calor abrasador do sol de meio-dia, homens nervosos e em guarda a várias horas, até que surgue a refega. Corcéis e mulas, peonagem e arqueiros, enfrentam o numeroso exercito castelhano...Pusemo-los praça, fugiram...e uma bandeira é depositada aos pés do Mestre e Rei de Portugal!!!
Casa-se com filha do seu aliado inglês, duque de lancaster, aquela que seria segundo Pessoa "humano ventre de Portugal", D. Filipa de Lancastre, mãe da "ínclita geração".


Que mais poderei dizer?! Não vos vou contar a história toda...Assim não tem graça...

Apenas digo, aquele que foi O da Boa Memória, foi sempre mais conhecido por Mestre do que por Rei...Pensem nisso.

Prestemos Homenagem aquele que lutou por todos Nós...

Dom João o Primeiro



O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.

Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.

Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repele, eterna chama,
A sombra eterna.

Fernando Pessoa
Solidão, Tristeza
Alma vazia
Sem rumo
Sem existir
Jaz morta
Na unica imortalidade
Divina.

Vazio Profundo
Abismo sem fim
Nigredo da Vida.

Surge Luz
No Caminho parado
Pela escuridão
Duma provação.

Segue o Teu rumo
Iluminada pela
Chama dum gládio
Erguido...
Que reflecte
A chama eterna
Dum Amor perdido...

Francisco Canelas de Melo

segunda-feira, abril 10, 2006

Não sou Poeta
Nem finjo Ser
Escrevo minh´Alma
Sentida numa escrita
minha e para mim...

Finjo dor e
Sofrimento
Para te escrever
Palavras de mim
Dum mundo vivido,
Sonhado e criado,
Num Portugal querido
Pela Fé dum regresso
Esperançado...
Dum Cavalo Branco.

Francisco Canelas de Melo
Fado sofrido
Que tanto encanta
E faz sofrer,
Dor D´Alma
Vazia sem Ti
Coimbra...

Fado diferente
Tão igual
Tão distante
De Nós...

Espaço infinito,
Tempo recontado,
Na vida de estudante
Capa aos ombros,
Guitarra ao peito
Soluços, trinar
De cordas alegres e tristes
Que falam duma Vida
Vivida e por viver
Na velha Coimbra
Nossa Cidade
Nossa saudade
Dum Portugal a entristeçer...

Francisco Canelas de Melo

domingo, abril 09, 2006

Coimbrã

Coimbra
Guitarra dolente
Que chorais…
Um Fado vivido,
Fado sofrido
Fado…somente Fado!!!

Recordação
Duma creança
Ai vivida, ai sofrida
Deixada ao Tempo…

Recuperada em voz dolente
Dum negro cantar,
Serenata ao luar
Coração preso,
Amordaçado,
Dum negro olhar
Dum sorriso único
Capa negra a seu Tempo
Mas de agora e sempre…
Paixão Coimbrã…


Francisco Canelas de Melo

sábado, abril 08, 2006

Alferes do Imperium

Um Poeta
Sem(pre) poemas,
Barbas grisalhas,
Óculos de luneta,
Olhar doce e misterioso,
De um Mestre e Discípulo
Que vive num mundo parado
Esperando Algo...

Alferes da Pátria e do Império
Foi feito
Discípulo do Mestre Agostinho
Vive numa creança
Consciente dum Mundo
que nos espera...

Francisco Canelas de Melo


Sente num claro
E frio escuro
que ensombra,
Uma Vida,
Uma Morte,
Morre por desventura
E desgosto...
Em longinquo lugar
Submerso em tórridas
Areias, douradas de
Riqueza, d´Algo
Feito e perdido!

Perdeu-se uma Pátria
Destinada a esse Fado!
Sonhado por Ele,
Desgraça Presente
Até...
Um Sempre,
Que nunca será p´ra Sempre!!!

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, abril 07, 2006

O Primeiro

Sou a Sombra do que Fui
E a Esperança do que Serei,
Um dia junto a Ele
Sonharei...
Sonhos que seriam e
Não foram,
Revelariam um Caminho
Por percorrer...

Escada fácil e reluzente,
Tão simples...e tão encarreirada
Na Vida a Caminhar...
Mas ignorada pelo Homem
Que inibe a simples Creança
Que (sobre)vive...
Hibernando num Sonho
Que espera ser sonhado
Em Vida...


Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, abril 05, 2006

OS CAVALEIROS DE ALMACAVE

De capa e volta, de calção e vara,
hei-de ir, Procurador do meu Concelho,
falar ao Senhor-Rey com fala clara,
dizer-lhe uma oratória que aparelho!

Cortes-Gerais. O Reyno se prepara
p'ra ouvir a voz dos Povos em conselho,
Monforte ao Banco-Doze me mandara.
Real! Real! - e incline-se o joelho.

Ó Deus de Ourique, cumpre o prometido!
Leva-nos contra os novos muçulmanos,
- nós somos livres, livre é o nosso Rey!

Eu reconheço-lhe o morrião florido.
Onde eu me achava há setecentos anos
com ele, já erguido, me encontrei!



António Sardinha

terça-feira, abril 04, 2006

Um Estado de algo por vir....

Sei que despertei e que ainda durmo. O meu corpo antigo, moído de eu viver diz-me que é cedo ainda… Sinto-me febril de longe. Peso-me, não sei porquê…Num torpor lúcido, pesadamente incorpóreo, estagno, entre o sono e a vigília, num sonho que é uma sombra de sonhar. Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um mar e a profundeza de um céu; e estas profundezas interpenetram-se, misturam-se, e eu não sei onde estou nem o que sonho.Um vento de sombras sopra cinzas de propósitos mortos sobre o que eu sou de desperto. Caio de um firmamento desconhecido um orvalho morno de tédio. Uma grande angústia inerte manuseia-me a alma por dentro e, incerta, altera-me, como a brisa aos perfis das copas.Na alcova mórbida e morna a antemanhã de lá fora é apenas um hálito de penumbra. Sou todo confusão quieta… para que há-de um dia raiar?...Custa-me o saber que ele raiará, como se fosse um esforço meu que houvesse de o fazer aparecer.Com uma lentidão confusa acalmo. Entorpeço-me. Bóio no ar, entre velar e dormir, e uma outra espécie de realidade surge, e eu em meio dela, não sei de que onde que não é este…


Bernardo Soares

(Livro do Desassossego)

domingo, abril 02, 2006

Ao Mestre Agostinho da Silva



"Sou marujo mestre e monge
marujo de águas paradas
mas que levam os navios
às terras por mim sonhadas
também sou mestre de escola
em que toda a gente cabe
se depois de estudar tudo
sentir bem que nada sabe
mas nem terra ou mar me prendem
e para voar mais longe
dum mosteiro que não houve
e não haja me fiz monge"
"Talvez dum monge fugido
ao que prometia céu
seja este retrato meu
marujo desembarcado
ou professor miserando
enfim um pobre coitado
nada disso agradecido
e satisfeito e louvando."

Quinta da Regaleira


Dia 1 de Abril, dia das mentiras...e eu que até disse algumas (mas só neste dia) fui com dois grandes Amigos, pela primeira vez a Quinta da Regaleira. Muitas vezes, pensei como seriam aqueles jardins, onde nos levaria a profundeza das grutas, qual a sensação de descer o poço iniciatico e olhar para a Luz que penetra dentro dele....Ontem concretizei!!!

Não o vou descrever...é algo que ficou gravado numa profundidade que só o meu Ser consegue ter acesso! Apenas direi, foi uma viagem no Tempo, ao nosso passado encoberto, por uma nevoa que mais fazia lembrar Avalón...

Visitem...mas não como meros Turistas! Sejam Peregrinos...Sintam a História...É a Nossa....

Um Blog, uma tentativa de escrever algo que vai em nós...

Um Blog, uma tentativa de (d)escrever a consciência de Nós, dos nossos pensamentos e emoções, que lavram no nosso Ser enquanto Homens...

Tantas seriam as maneiras de tentar-vos elucidar o que pretendo deste blog, mas sinceramente meus Amigos, nem eu próprio o sei! Vi tantos, li alguns e até ia escrevendo num ou noutro, mas ter um "meu" em que partilho o que penso e o que sei, não imaginaria "construir"...

A Vida é uma partilha a todos os níveis...Emoções, pensamentos, ideias...tantas e tantas coisas...mas todas elas, mesmo que inconscientes, caminho para o mesmo fim....o Conhecimento!!!

Aqui, Amigos, irei partilhar connvosco, tudo aquilo que me é possivel partilhar, tudo o que sei e anseio transmitir-vos...Tal como me foi transmitido....Assim se propaga a Tradição, Rumo ao Final comum a todos Nós...

Infante Dom Fernando


Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua sancta guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.


Fernando Pessoa
(1913)