terça-feira, abril 25, 2006

In Vino Veritas

Num copo
Algo digo,
Num jarro
Algo clamo,
Vinho dito
Palavras de
Verdade,
Contidas por
Dizer,
Esperando
Coragem
Dita num
Simples copo
Dum vinho,
Falando Verdade.......

Francisco Canelas de Melo

Luto Dia


Negro dia
Duma revolução
Tão prometida
E ansiada,
Liberdade sonhada
Por uns...
Liberdade perdida
Por outros...
Promessa de libertação
Dum Mundo tido
Liberto,
Duma prisão
Para maior aprisionamento
Do meu coração!

Francisco Canelas de Melo

domingo, abril 23, 2006

Tua Simpatia
É um mero
Reflexo do
Espelhado Céu,
Na profundidade,
Do extenso
Mar que nos Acalma...
Num simples gesto,
Da tua Doçura!

Francisco Canelas de Melo

quinta-feira, abril 20, 2006

Negra noite,
Densa
Escuridão...
Brilho profundo
Dum estrelado céu
Alentejano.

Noite de Vida,
Noite clareando,
Noite Sonhando,
Sonhos de Mares e Mundos
Por descobrir,
Numa nau de saudade
Flutuando no mar etéreo
Do sonho clareando
No amanhecer
Do Dia...

Francisco Canelas de Melo
Sentimento
Por fim
Encontrado,
Quase perdido
No Tempo,
Quase desistido
De ir vivendo...

Sofrimento profundo
Quase perdido,
Somente por
Se encontrar
Num Sonho remoto
Por recordar...
...acordado...em Vida!

Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, abril 19, 2006

Caros Amigos,

Felizmente dirão alguns que lhe dei paz e sossego desta minha escrita...ou poderão dizer o contrário, mas um facto trágico levou a suspender essa contínua, quase-inspiração, de escrever.

Mas parece que irei torna-los a "chatear", alguns dirão aborrecer...

Tal como dizia uma amiga, poderá haver fases de menor inspiração, mas de breve recuperação. E direi eu, maior inspiração não será aquela que está na inconstância do que pensamos e escrevemos?! Será que, essas fases de morta inspiração, latente, que levam ao descrédito pessoal do autor, e talvez de alguns Poetas, não será realmente a prova da verdadeira inspiração?!

Bem eu quando escrevo, partilho o que sinto e penso dizer...Abro um porta, e deixo-a entre-aberta a minha consciência...por vezes abre-se toda, outras mesmo, fecha-se por completa. Mas direi eu, sonhador de palavras, que está poética está num meio insconciente da vigilia e dum sonho.

Hoje, meus Amigos, Sonhei fingir ser Poeta, fingir e sonhar, crer algo que só a poética nos permite fazer...Fingir e não mentir...Fingir e criar, imaginar tal como Pessoa sonhava seus heteronimos...

Sonhar o que será?!

Fingir um mundo ou viver outro Mundo?!

Seja o que for, é sempre um Sonho...palavra adjectiva da vontade querida e revelada duma profundidade submersa durante a consciência do consciente Humano...

sábado, abril 15, 2006

XVIIII

Manto branco,
Perdido no Tempo,
Escondido na
História
De Deus e dos homens.

Espada é Cruz,
Guerreiro é Monge
Da Luz,
Reluzente no
Gume duma Lâmina
De Sol....

XVIIII,
Número estranho
Nunca visto...

Luz que iluminas,
Luz de Sol,
Luz de Luar,
Seja sempre Luz
A Caminhar para...
Luz...

Fiat Lux

Francisco Canelas de Melo
Amo sem ver
E sem sentir,

Amo Sabor
De sorrir,

Amo uma Vida
Sofrida
Longe d´Alguém...

Vivo num sonho
Imaginável
Duma Vida
Por viver...

Amando não um
Amor...

Amando..
..Somente Amor...

Francisco Canelas de Melo

Sangreal


Templo achado,
Perdido para herdar,
Num Mistério dado...

Esperançado Cálix,
Sonhado e bebido,
Num sonho
Protegido p´los
Mantos Branco.

Cruz de Sangue
Sangue de Cristo...

Francisco Canelas de Melo

quinta-feira, abril 13, 2006

Olhos
Espelho d´Alma,
Reflexo do
Ser,
Vivo,
Dentro de Nós...

Espelho baço,
Só de lágrimas,
Choradas,
Num imerso
Banho,
Do eterno Espírito,
Lavando uma poeira
Solta pelo
Caminhar dum corpo...

Olhos castanhos,
Verdes....azuis,
Marca inteligível
Sem Consciência
Do reflexo próprio,
Espelhado na
Clareza
Dum ternurento olhar...

Francisco Canelas de Melo

Somnium

Sonho de quintus
De primus
Et quartus,
Sonho de Fiore
De Bandarra
E Vieira.

Sonhado por um
Poeta incógnito
de tantos Seres...

Sonho dum Marujo,
Guerreiro e Monge,
Mestre duma Ordem
Natural de Ser
e Viver,
Num Portugal
Não vivido,
Perdido,
Por encontrar
Nas brumas
Dum Sonho...

Francisco Canelas de Melo

terça-feira, abril 11, 2006



Dor d´Alma
Que Chorais
Em mim...
Dor infinita
Que clamas
Um sofrimento
Único,
Só meu e Teu...

Negra neblina,
Que assola,
Uma visão
Do paraíso,
Duma Ilha
Querida e sonhada
Por um Poeta...

Tágides dele,
E de tantos,
De além
e de riba-tejo,
Campina verde
Onde Nós,
Só Nós,
Vivemos
Sonhos e recriações
Duma vida passada e futura
Do mito que vai vivendo,
Na eterna sepultura...

Francisco Canelas de Melo

Ao meu Mestre....


Nasce quase
Comum,
Filho de Rei
Ignorado,
Esquecido,
Mas preparado
Para um Fado
Por Ele sonhado.

Mestre duma Cruz-Liz,
Dum Templo
Sem Tempo...

Pai de Santo,
De Rei, e
De Navegador,
Pai de Ínclita Geração.

Cumpre um Primeiro
Tempo de Ser,
Sonho de Trovas,
Dum Rei-Trovador!

Morre de velho,
De Saudade
Dum Futuro
Sonhado e Começado
Num Reinado
Dum Artur, nascido
Sonhado, e
Criado...
...Portuguez!!!

Francisco Canelas de Melo

El-Rei Dom João I, Mestre D´Aviz




Caros Amigos,

Hoje, dia 11 de Abril, há precisamente 649 anos nascia aquele que seria conhecido por todos pelo Mestre D´Aviz.
Nasce a 11 de Abril de 1357 em São João da Praça, Lisboa, filho de El-Rei D. Pedro o Crú e de Dona Teresa Lourenço, aia da Rainha D. Inês de Castro. Filho bastardo, foi criado pelo Mestre da Ordem de Cristo, que ao vagar o Mestrado da Ordem d´Aviz pede a El-Rei que seja entregue a seu filho. Dom João, é armado cavaleiro aos 8 anos durante uma caçada na Comenda do Pinheiro (Chamusca), pertença da Ordem de Cristo.
Durante o Reinado de seu irmão, El-Rei D. Fernando, apesar de presença assidua na corte, defende as incursões castelhanas pelo alentejo.
Após a morte de El-Rei, o governo do Reino é entregue a Rainha Dona Leonor Teles, que juntamente com o conde andeiro vão governando passivamente à vontade d´El-rei de Castela.
Após insistência do Velho Álvaro Pais, Dom João de Aviz, revolta-se matando o conde andeiro no Paço, fazendo anunciar a sua própria morte. No meio do alvoroço, o povo que chorava pelas ruas a sua "morte", jurando vingança ao conde matam o cónego que está por castela, atirando-o dum torreão. Mas ao verem-no vivo, logo o aclamam Defensor e Regedor de Lisboa.
Após a rebelião, castela invade o Reino e impõem um severo cerco a Lisboa, só findado pela peste.
Nesses instante, um grande Homem, Guerreiro e Santo, Irmão d´Alma do Mestre, vai batalhando no Alentejo. Conquista praças e castelos em nome do Mestre.
Após o cerco de Lisboa, convocam-se cortes em Coimbra, o leal jurista João da Regras consegue que aclamem o Mestre Rei de Portugal. Castela invade novamente, e os exercitos encontram-se num vale entre dois rios que se juntavam...Era Aljubarrota...Sentia-se o calor abrasador do sol de meio-dia, homens nervosos e em guarda a várias horas, até que surgue a refega. Corcéis e mulas, peonagem e arqueiros, enfrentam o numeroso exercito castelhano...Pusemo-los praça, fugiram...e uma bandeira é depositada aos pés do Mestre e Rei de Portugal!!!
Casa-se com filha do seu aliado inglês, duque de lancaster, aquela que seria segundo Pessoa "humano ventre de Portugal", D. Filipa de Lancastre, mãe da "ínclita geração".


Que mais poderei dizer?! Não vos vou contar a história toda...Assim não tem graça...

Apenas digo, aquele que foi O da Boa Memória, foi sempre mais conhecido por Mestre do que por Rei...Pensem nisso.

Prestemos Homenagem aquele que lutou por todos Nós...

Dom João o Primeiro



O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.

Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.

Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repele, eterna chama,
A sombra eterna.

Fernando Pessoa
Solidão, Tristeza
Alma vazia
Sem rumo
Sem existir
Jaz morta
Na unica imortalidade
Divina.

Vazio Profundo
Abismo sem fim
Nigredo da Vida.

Surge Luz
No Caminho parado
Pela escuridão
Duma provação.

Segue o Teu rumo
Iluminada pela
Chama dum gládio
Erguido...
Que reflecte
A chama eterna
Dum Amor perdido...

Francisco Canelas de Melo

segunda-feira, abril 10, 2006

Não sou Poeta
Nem finjo Ser
Escrevo minh´Alma
Sentida numa escrita
minha e para mim...

Finjo dor e
Sofrimento
Para te escrever
Palavras de mim
Dum mundo vivido,
Sonhado e criado,
Num Portugal querido
Pela Fé dum regresso
Esperançado...
Dum Cavalo Branco.

Francisco Canelas de Melo
Fado sofrido
Que tanto encanta
E faz sofrer,
Dor D´Alma
Vazia sem Ti
Coimbra...

Fado diferente
Tão igual
Tão distante
De Nós...

Espaço infinito,
Tempo recontado,
Na vida de estudante
Capa aos ombros,
Guitarra ao peito
Soluços, trinar
De cordas alegres e tristes
Que falam duma Vida
Vivida e por viver
Na velha Coimbra
Nossa Cidade
Nossa saudade
Dum Portugal a entristeçer...

Francisco Canelas de Melo

domingo, abril 09, 2006

Coimbrã

Coimbra
Guitarra dolente
Que chorais…
Um Fado vivido,
Fado sofrido
Fado…somente Fado!!!

Recordação
Duma creança
Ai vivida, ai sofrida
Deixada ao Tempo…

Recuperada em voz dolente
Dum negro cantar,
Serenata ao luar
Coração preso,
Amordaçado,
Dum negro olhar
Dum sorriso único
Capa negra a seu Tempo
Mas de agora e sempre…
Paixão Coimbrã…


Francisco Canelas de Melo

sábado, abril 08, 2006

Alferes do Imperium

Um Poeta
Sem(pre) poemas,
Barbas grisalhas,
Óculos de luneta,
Olhar doce e misterioso,
De um Mestre e Discípulo
Que vive num mundo parado
Esperando Algo...

Alferes da Pátria e do Império
Foi feito
Discípulo do Mestre Agostinho
Vive numa creança
Consciente dum Mundo
que nos espera...

Francisco Canelas de Melo


Sente num claro
E frio escuro
que ensombra,
Uma Vida,
Uma Morte,
Morre por desventura
E desgosto...
Em longinquo lugar
Submerso em tórridas
Areias, douradas de
Riqueza, d´Algo
Feito e perdido!

Perdeu-se uma Pátria
Destinada a esse Fado!
Sonhado por Ele,
Desgraça Presente
Até...
Um Sempre,
Que nunca será p´ra Sempre!!!

Francisco Canelas de Melo

sexta-feira, abril 07, 2006

O Primeiro

Sou a Sombra do que Fui
E a Esperança do que Serei,
Um dia junto a Ele
Sonharei...
Sonhos que seriam e
Não foram,
Revelariam um Caminho
Por percorrer...

Escada fácil e reluzente,
Tão simples...e tão encarreirada
Na Vida a Caminhar...
Mas ignorada pelo Homem
Que inibe a simples Creança
Que (sobre)vive...
Hibernando num Sonho
Que espera ser sonhado
Em Vida...


Francisco Canelas de Melo

quarta-feira, abril 05, 2006

OS CAVALEIROS DE ALMACAVE

De capa e volta, de calção e vara,
hei-de ir, Procurador do meu Concelho,
falar ao Senhor-Rey com fala clara,
dizer-lhe uma oratória que aparelho!

Cortes-Gerais. O Reyno se prepara
p'ra ouvir a voz dos Povos em conselho,
Monforte ao Banco-Doze me mandara.
Real! Real! - e incline-se o joelho.

Ó Deus de Ourique, cumpre o prometido!
Leva-nos contra os novos muçulmanos,
- nós somos livres, livre é o nosso Rey!

Eu reconheço-lhe o morrião florido.
Onde eu me achava há setecentos anos
com ele, já erguido, me encontrei!



António Sardinha

terça-feira, abril 04, 2006

Um Estado de algo por vir....

Sei que despertei e que ainda durmo. O meu corpo antigo, moído de eu viver diz-me que é cedo ainda… Sinto-me febril de longe. Peso-me, não sei porquê…Num torpor lúcido, pesadamente incorpóreo, estagno, entre o sono e a vigília, num sonho que é uma sombra de sonhar. Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza de um mar e a profundeza de um céu; e estas profundezas interpenetram-se, misturam-se, e eu não sei onde estou nem o que sonho.Um vento de sombras sopra cinzas de propósitos mortos sobre o que eu sou de desperto. Caio de um firmamento desconhecido um orvalho morno de tédio. Uma grande angústia inerte manuseia-me a alma por dentro e, incerta, altera-me, como a brisa aos perfis das copas.Na alcova mórbida e morna a antemanhã de lá fora é apenas um hálito de penumbra. Sou todo confusão quieta… para que há-de um dia raiar?...Custa-me o saber que ele raiará, como se fosse um esforço meu que houvesse de o fazer aparecer.Com uma lentidão confusa acalmo. Entorpeço-me. Bóio no ar, entre velar e dormir, e uma outra espécie de realidade surge, e eu em meio dela, não sei de que onde que não é este…


Bernardo Soares

(Livro do Desassossego)

domingo, abril 02, 2006

Ao Mestre Agostinho da Silva



"Sou marujo mestre e monge
marujo de águas paradas
mas que levam os navios
às terras por mim sonhadas
também sou mestre de escola
em que toda a gente cabe
se depois de estudar tudo
sentir bem que nada sabe
mas nem terra ou mar me prendem
e para voar mais longe
dum mosteiro que não houve
e não haja me fiz monge"
"Talvez dum monge fugido
ao que prometia céu
seja este retrato meu
marujo desembarcado
ou professor miserando
enfim um pobre coitado
nada disso agradecido
e satisfeito e louvando."

Quinta da Regaleira


Dia 1 de Abril, dia das mentiras...e eu que até disse algumas (mas só neste dia) fui com dois grandes Amigos, pela primeira vez a Quinta da Regaleira. Muitas vezes, pensei como seriam aqueles jardins, onde nos levaria a profundeza das grutas, qual a sensação de descer o poço iniciatico e olhar para a Luz que penetra dentro dele....Ontem concretizei!!!

Não o vou descrever...é algo que ficou gravado numa profundidade que só o meu Ser consegue ter acesso! Apenas direi, foi uma viagem no Tempo, ao nosso passado encoberto, por uma nevoa que mais fazia lembrar Avalón...

Visitem...mas não como meros Turistas! Sejam Peregrinos...Sintam a História...É a Nossa....

Um Blog, uma tentativa de escrever algo que vai em nós...

Um Blog, uma tentativa de (d)escrever a consciência de Nós, dos nossos pensamentos e emoções, que lavram no nosso Ser enquanto Homens...

Tantas seriam as maneiras de tentar-vos elucidar o que pretendo deste blog, mas sinceramente meus Amigos, nem eu próprio o sei! Vi tantos, li alguns e até ia escrevendo num ou noutro, mas ter um "meu" em que partilho o que penso e o que sei, não imaginaria "construir"...

A Vida é uma partilha a todos os níveis...Emoções, pensamentos, ideias...tantas e tantas coisas...mas todas elas, mesmo que inconscientes, caminho para o mesmo fim....o Conhecimento!!!

Aqui, Amigos, irei partilhar connvosco, tudo aquilo que me é possivel partilhar, tudo o que sei e anseio transmitir-vos...Tal como me foi transmitido....Assim se propaga a Tradição, Rumo ao Final comum a todos Nós...

Infante Dom Fernando


Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua sancta guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.


Fernando Pessoa
(1913)