sexta-feira, novembro 07, 2008

Saudação aos Quatro...

A Grande Ursa

É o Útero da Terra

A viagem à escuridão profunda,


O Salmão voa

Com Sabedoria p´las águas

Rumo à morte

Predestinada,


O Falcão paira,

Flutua

No imenso Mar

Suspenso,


E aquele Ser nocturno,

De focinho pontiagudo

Ergue as presas

Ao luar,

Nele corre o Fogo

Como lava escorrendo

Na ebulição

Do (Re)nascimento.


Francisco Canelas de Melo




quinta-feira, novembro 06, 2008

Santo Condestável


Que aureola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

Sperança consummada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!

Fernando Pessoa

terça-feira, novembro 04, 2008

I.
Jaz aqui morte
onde vive o morto
que é esperado,
desejado em si
p´lo Mundo

esperançoso
El Rei o encoberto



II.
A viagem d´Alma
pela barca de Caronte
ultrajo o fundo
mundo

onde Ares
Maléfico
devora tudo

Prometeu mais fogo
alumia ao mundo
fundo

onde reino castigo
espera adormecido



III.
Rápido como Mercúrio
em derradeira ebulição
no fundo ser

renasce novo,
completo
e um pouco mais
encoberto
e descoberto
no oráculo do mundo

Virgens, puras
onde enxofre arde
na penúria,
véu escarlate,
rubro,
denso e mudo

ascende aos céu
num fogo-carro

zEUs, EUs,
EU,
Imagens do sonho,
sono divino
de puritana ascese
onde Ego morre
e renasce,
Puro, Sensível
e Doce.


Francisco Canelas de Melo