domingo, junho 22, 2008

Um jovem
ao Luar

Vai sonhando
perdido

Com um
Mundo Divino
à spera
de Revelar
a Beleza inocente
d´um chilrar
Menino
à Espera de
Cantar...


Francisco Canelas de Melo
Ao Poeta do Ganges, ao BulBul do Ocidente


I.

Há em tudo
semelhança
entre o
Ganges
e o Sado

Há imortal vida
nos povos
circundantes
Há sonho feliz
de morrer
sob a corrente,
Mágica,
que nos conduz
a vida Eterna.


II.

Sob a protecção do sonho,
o respirar que insufla a vida,
neste areal de desejo,
a Vida caminha
intemporal à vida,
irreal ao sonho

É como o desaguar
intravenal
desta água correndo em mim

É como o rochedo erguido,
esse velho e imortal barbudo
que sorri ao nascer do sol,
que beija as ondas do mar
com um amor indelével
que une as duas pátrias do sonho,
Índia e Portugal...


III.

Neste denso arvoredo
nascido da força Natura
rompendo a pedra-mãe
pendura-se
no rosto do Rochedo,

Este velho penedo,
guardião de mistérios,
ouve o vento
confessar-lhe um segredo

Ao Zéfiro dizes
que a Luz Aparecida
vem do fundo da Terra
da Pátria (re)nascida.


IV.

Na Serra do Sonho,
na Mata do Silêncio,
vive Solitário
o monge esquecido,

do alto ama a Vida
do baixo contempla o Mundo,

Ora ao Divino,
À Mátria de Tudo,

Corre sozinho sobre o Mar,
A Alma Perdida,
A Alma Renascida,
d´um Poeta a Cantar.


Francisco Canelas de Melo
Arrábida, Julho de MMVIII


Sou um Bardo,
Proclamo ao vento,
A Guerra, o Amor
E a Paz...

Relato as
Vozes dos Deuses,
Histórias
Dos Imortais
Heróis
De imutáveis Mitos
Gerados
No salão
D´Odin!


Francisco Canelas de Melo

segunda-feira, junho 16, 2008

Isto

Isto
De julgarmos que somos sem sermos
E ficarmos vencidos
Nos ermos.

Isto
De recuarmos a Cristo
Com o sentimento humano
Dum ser profano.

Isto
De quedarmos confusos
Beijando as horas que rodopiam como fusos pelas ruas.

Isto
De pensarmos em mulheres todas nuas.

Isto
De meditar
De escrever
E de amar.

Tudo isto
È afinal viver
E sofrer
E matar aos poucos a centelha oferecida
Na despedida
Dum ventre que sangra.


António Barahona da Fonseca
in "Isto"