segunda-feira, junho 16, 2008

Isto

Isto
De julgarmos que somos sem sermos
E ficarmos vencidos
Nos ermos.

Isto
De recuarmos a Cristo
Com o sentimento humano
Dum ser profano.

Isto
De quedarmos confusos
Beijando as horas que rodopiam como fusos pelas ruas.

Isto
De pensarmos em mulheres todas nuas.

Isto
De meditar
De escrever
E de amar.

Tudo isto
È afinal viver
E sofrer
E matar aos poucos a centelha oferecida
Na despedida
Dum ventre que sangra.


António Barahona da Fonseca
in "Isto"

Sem comentários: